( Čhaŋnúŋpa
Wakȟáŋ
Wičhóȟ’aŋ)
Antes de falar sobre a cerimônia, é importante falar da mistura de plantas de poder para ser queimada
no Cachimbo. O Cachimbo é considerado o mais sagrado Instrumento de cura d’Alma
e proteção do Povo Lakota.Quando a Mulher-Búfalo-Branco (Ptesáŋwiŋ ou
Ptehíŋčala
Sáŋ
Wíŋ),
espiritualmente introduziu o Ritual do Cachimbo Sagrado, usava-se apenas um Tabaco
de origem árabe que chegava até 6 metros de altura, chamado “Summaq”,que crescia em território
americano, porque os indígenas
americanos ainda não conheciam o Tabaco Ocidental que temos no Brasil: “Foi
essa Mulher-Búfalo-Branco que trouxe o Cachimbo Sagrado para que o Povo Lakota
tivesse essa ajuda espiritual = Lé wiŋyaŋ
kiŋháŋ
Ptehíŋčala Čhanŋúŋpa
waŋ Lakȟóta kiŋ
uŋ nípi kta čha wičhákahi.)
Entretanto, como o Salgueiro Vermelho Americano é uma árvore com valores
espirituais muito reais, os Lakotas passaram a usar uma mistura do tabaco árabe
e a parte interna, da casca seca, do Salgueiro Vermelho Americano ( Cornus
Stolonifera).
Nessa época tão distante, os indígenas americanos ainda não
conheciam o tabaco ocidental. Foram os indígenas mexicanos que começaram por
presenteá-los com alguma quantidade para o Ritual. Tempos mais tarde, o Povo Lakota(Lakȟóta Oyáte), passaram
a usá-lo frequentemente.
O Salgueiro Vermelho Americano, chamado em Lakota de Čháŋšaša
(lê-se ‘tchânshasha’) também ficou conhecido com um outro nome indígena
da Tribo Lakota Itázipčho de “Kinnikinnick”onde
o uso da Cerimônia do Cachimbo começou. A mistura da parte interna da casca
seca do Salgueiro Vermelho e o Tabaco, é chamada de Ičahitȟuŋpi(
lê-se Itçarrit’rrunpi). Há muitos
estrangeiros, que erroneamente acham que Kinnikinnick é o nome da
mistura para o Cachimbo. Enganam-se!
Muitos no Brasil, começaram a preparar a mistura com várias
ervas para venda. Por não encontrar no Brasil o Salgueiro Vermelho Americano, o
Čhaŋšaša,
para fazer a mistura, pode-se usar apenas o Tabaco (Čháŋlí)
sem qualquer outro aditivo ou uma mistura com várias ervas.
Não é difícil encontrar no Brasil, pés de tabaco
naturalmente desenvolvidos em sítios, fazendas e chácaras, cujas folhas devem
ser colhidas com respeito e colocadas ao Sol para a secagem. Depois, basta
esmigalhá-las com as mãos, expondo ao Sol por algumas horas, invocando a Fonte
Soberana da Luz, Calor, Poder e Vida (o AVÔ SOL) e aos Mestres Cósmicos, a energia
unificadora, vital, poderosa, curadora e evolutiva, no tabaco. Deve-se fazer a consagração pedindo ao irmão, Espírito do
Tabaco, a ação energética de seus poderes.
Caso seja impossível conseguir folhas verdes de tabaco,
pode-se adquirir alguns gramos de fumo desfiado em tabacarias. É claro, que não
é um tabaco puro, natural, cujas energias do preparo industrial, são totalmente
desconhecidas, mas... não encontrando folhas verdes, não há outra opção. Pode-se
deixá-lo de molho em água de chuva por uns cinco minutos e depois secá-lo ao
sol, invocando a Fonte Soberana da Luz, Calor, Poder e Vida( o AVÔ SOL) e aos
Mestres Cósmicos, a energia unificadora, vital, poderosa, curadora e evolutiva,
no tabaco e fazer a consagração pedindo ao irmão, Espírito do Tabaco, a ação
energética de seu poder.
A Cerimônia do Cachimbo Sagrado deve-se ser aberta em pé, virado
para o Oeste, erguendo o Cachimbo com ambas as mãos, acima de sua cabeça,
saudando e oferecendo-a à Wakȟáŋ
Tȟáŋka
= O Grande Espírito, o Grande Mistério, a Soberana Fonte de Luz, e à Uŋčí
Makȟá
= Divina-Mãe-Terra. A essas alturas, o caixilho do Cachimbo já deve estar cheio
de Tabaco, o qual é agora aceso para saudar ao Grande Espírito soldando uma
baforada para o alto e à Divina-Mãe-Terra, soltando uma baforada para baixo.
Em seguida, nesta mesma posição, deve-se saudar o Espírito
do Tabaco fazendo os seus pedidos de ajuda e soltando uma baforada.
Se você está fazendo o Ritual com outra ou mais pessoas, observe
que o Cachimbo deve ser compartilhado, e somente o Guardião do Cachimbo -
aquele que abre a cerimônia - deve fechá-la. Todos os participantes devem estar
descalços, livres de qualquer conexão com crenças religiosas ou doutrinamentos,
porque a Cerimônia do Cachimbo Sagrado é uma Cerimônia Xamânica, pagã,Espiritual,
que abrirá a sua visão do Terceiro Olho, clarividência, Clariaudiência, etc., e
que não se conive com crenças religiosas e doutrinas.
Ainda nessa mesma posição, virado para o Oeste, peça
humildemente, agradeça e saúde a presença de Mudjekeewis, o Espírito Guardião
do Oeste e o Urso. Acenda o Cachimbo e dê uma baforada.
Virando-se para a posição Norte, faça o mesmo mas saudando a
Waboose, o Espírito Guardião do Norte e o Búfalo. Baforada.
Virando-se para a posição Leste, faça o mesmo, mas saudando
a Wabun, o Espírito Guardião do Leste e a Águia. Baforada.
Virando-se para o Sul, faça o mesmo, mas saudando a
Shawnodese, o Espírito Guardião do Sul e o Coiote. Baforada.
Após sentar-se no chão, banco ou cadeira – se estiver com um
grupo de pessoas – forme uma roda. Acenda o Cachimbo, agradeça e peça
humildemente a presença de Xamãs para lhe(s) ajudar nesta cerimônia evolutiva.
Agradeça também a presença e a ajuda de seus ancestrais e saúde a todos os seus
irmãos alados, os irmãos de quatro patas, os irmãos-em-pé(as árvores), o irmãos
Povo-Pedra, etc.
O Cachimbo deve ser pitado, quero dizer, puxa-se a fumaça
com sutileza e a expele da mesma forma sem deixar passar para o pulmão, em
outras palavras, sem tragar. Enquanto a Cerimônia durar, deve-se mentalizar
energias positivas. Se estiver só na Cerimônia, uma vez esvaziado o caixilho do
Cachimbo, põe-se em meditação pois que a ação energética do Espírito do Tabaco,
expande a sua consciência e lhe traga visões.Se estiver com mais participantes
na roda, passe o Cachimbo da esquerda para a direita e, com um Plumeiro, faça a
limpeza energética do Cachimbo antes de passá-lo. A limpeza energética deve ser
feita de um a um pelo Guardião do Cachimbo que abriu e fechará a Cerimônia.
Para encerrar a Cerimônia, vira-se para o Oeste. Agradeça a
presença de todos os Espíritos Guardiões de todas as direções, aos animais, aos
irmãos que estiveram presentes, aos Xamãs, etc., etc. e dê-se por encerrada a
Cerimônia.
Limpe-se o Cachimbo respeitosamente e guarde-o em um lugar
“de honra”, quero dizer, não no fundo de uma caixa ou gaveta.
É importante que durante a cerimônia, tenha-se por perto, um
pequeno vidro, lata ou plástico para cuspir o ardor do tabaco caso não esteja
ao ar livre.
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Prof.Thomas Thunna Kumara |